Neonazista chefia mercenários de Putin Neonazista chefia mercenários de Putin
O Antagonista

Neonazista chefia mercenários de Putin

avatar
Mario Sabino
4 minutos de leitura 01.03.2022 15:59 comentários
Mundo

Neonazista chefia mercenários de Putin

Vladimir Putin, o ditador cínico da Rússia, justificou a invasão da Ucrânia, dizendo que era preciso também "desnazificar" o país vizinho -- uma mentira descarada, visto que os ucranianos vivem (ou viviam, até serem agredidos covardemente) sob um regime democrático e que respeita as minorias, ao contrário do que ocorre na Rússia. O cinismo de Vladimir Putin fica ainda mais evidente depois que se assiste ao extraordinário documentário francês Wagner, o Exército das Sombras de Putin, realizado pelas jornalistas Ksenia Bolchakova e Alexandra Jousset. O filme, exibido no canal France 5, mostra como funciona a força mercenária Wagner, da Rússia, que tem um neonazista como fundador: Dimitri Outkine...

avatar
Mario Sabino
4 minutos de leitura 01.03.2022 15:59 comentários 0
Neonazista chefia mercenários de Putin
Reprodução/RTS

Vladimir Putin, o ditador cínico da Rússia, justificou a invasão da Ucrânia, dizendo que era preciso também “desnazificar” o país vizinho — uma mentira descarada, visto que os ucranianos vivem (ou viviam, até serem agredidos covardemente) sob um regime democrático e que respeita as minorias, ao contrário do que ocorre na Rússia. O cinismo de Vladimir Putin fica ainda mais evidente depois que se assiste ao extraordinário documentário francês Wagner, o Exército das Sombras de Putin, realizado pelas jornalistas Ksenia Bolchakova e Alexandra Jousset. O filme, exibido no canal France 5, mostra como funciona a força mercenária Wagner, da Rússia, que tem como fundador um nazista: Dimitri Outkine (foto). Admirador de Adolf Hitler, ele tem nos ombros, próximas ao pescoço, duas tatuagens com o símbolo da SS, a tropa de elite encarregada da “Solução Final” contra os judeus. Uma terceira tatuagem, no peito direito, traz a águia do Terceiro Reich. O nome da força mercenária é homenagem ao compositor Richard Wagner, o preferido de Hitler. Sim, Vladimir Putin, que diz querer “desnazificar” a Ucrânia, tem um neonazista que faz serviços sujos para ele.

O ditador russo sempre negou qualquer ligação com os mercenários da Wagner, mas se trata de mais uma mentira dele. O nazista Dimitri Outkine, mostra o documentário, é frequentador do Kremlin — há imagem dele numa recepção na sede do governo russo — e foi condecorado por Vladimir Putin. A Wagner conta com 10 mil homens e 400 deles se encontram hoje na Ucrânia. Desde 2014, quando a Crimeia foi invadida, eles perpetram ações desestabilizadoras no país vizinho, em especial nas regiões separatistas de Donbas, cuja “independência” foi recentemente reconhecida por Vladimir Putin. Uma das missões da Wagner na Ucrânia é assassinar o presidente Volodymyr Zelensky.

A Wagner é teoricamente financiada pelo oligarca russo Evgueni Prigojine, um ex-gângster de São Petersburgo que fez fortuna com contratos governamentais. Ele mantém estreitas ligações com Vladimir Putin e dá uma fachada privada à Wagner. Como é possível verificar pelo documentário, a força mercenária é, na verdade, um braço clandestino do exército russo, que promove ações ilícitas em outros países. Além da Ucrânia, a Wagner está presente na Síria, na República Centro-Africana, na Líbia e no Mali. Na África, a sua prioridade é estender os seus tentáculos nas ex-colônias francesas. A Wagner faz a segurança do presidente da República Centro-Africana, Faustin Archange Touadera, e aterroriza quem ousa opor-se a ele. A força mercenária russa praticamente chefia a polícia local, que se mostra impotente para impedir execuções, pilhagens e estupros. A Wagner também está envolvida na exploração de minas de diamantes da República Centro-Africana.

Os integrantes da força mercenária utilizam armas e equipamentos do exército da Rússia e, na Líbia, chegaram a ser acompanhados por caças Mig. Eles são recrutados entre militares da reserva — o fundador  Dimitri Outkine era soldado do exército russo — e jovens atraídos por clipes na internet que mostram a Wagner como opção para quem quer levar uma vida de aventuras, combater terroristas, destruir o Ocidente e, não menos importante, fazer dinheiro. Algumas cenas são da mais abjeta selvageria, com mercenários rindo de corpos de gente morta, calcinada e estraçalhada por eles.

O documentário Wagner, o Exército das Sombras de Putin levou um ano para ser feito e é trabalho de excelência jornalística, fartamente documentado e que tem o testemunho de um ex-integrante da força mercenária, veterano da guerra na Síria. As suas realizadoras foram ameaçadas de morte, mas não se intimidaram. Ao final, não resta dúvida de que a Wagner é uma espécie de SS de Vladimir Putin, o ditador cínico que quer “desnazificar” a Ucrânia democrática e conta com uma força mercenária fundada e chefiada por um neonazista. A Brigada Azov, a minúscula milícia de extrema-direita da Ucrânia, que Moscou tenta pintar como se fosse o retrato de Kiev, é um nada se comparada ao exército das sombras de Vladimir Putin.

Esportes

Flamengo na Libertadores: Tite faz mudanças de última hora na escalação

24.04.2024 21:30 3 minutos de leitura
Visualizar

O cinismo de André Janones sobre rachadinha

Visualizar

PC-RJ indicia suspeitos por assassinato de advogado a queima roupa

Visualizar

20 toneladas de queijo sao apreendidas em Minas Gerais

Visualizar

Ludmilla ganha relógio de luxo de Brunna no aniversário de 29 Anos

Visualizar

Botafogo na Libertadores: com lesão, Tiquinho deixa o campo com apenas 7 minutos

Visualizar

Tags relacionadas

Alexandra Jousset desnazificação Dimitri Outkine documentário Evgueni Prigojine força mercenária russa guerra na Ucrânia Ksenia Bolchakova Mario Sabino mercenários nazismo nazista O Antagonista o Exército das Sombras de Putin Rússia Ucrânia Wagner
< Notícia Anterior

Federação Internacional de Tênis suspende Rússia e Belarus

01.03.2022 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Parlamento Europeu recomenda acelerar integração da Ucrânia à UE

01.03.2022 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Mario Sabino

Mario Sabino é jornalista, escritor e sócio-fundador de O Antagonista. Escreve sobre política e cultura. Foi redator-chefe da revista Veja.

Suas redes

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Reino Unido e Alemanha assinam acordo de defesa

Reino Unido e Alemanha assinam acordo de defesa

24.04.2024 20:46 4 minutos de leitura
Visualizar notícia
Coreia do Norte amplia força militar desafiando EUA

Coreia do Norte amplia força militar desafiando EUA

24.04.2024 20:14 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
CEO do TikTok espera derrubar proibição dos EUA

CEO do TikTok espera derrubar proibição dos EUA

24.04.2024 19:52 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Meta enfrenta queda de ações após apostar pesado em IA

Meta enfrenta queda de ações após apostar pesado em IA

24.04.2024 19:42 3 minutos de leitura
Visualizar notícia

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.