Uma chance para o fim do monopólio na petroquímica. O PT vai deixar? Uma chance para o fim do monopólio na petroquímica. O PT vai deixar?
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Uma chance para o fim do monopólio na petroquímica. O PT vai deixar?

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Carlos Graieb
4 minutos de leitura 11.06.2023 12:30 comentários
Economia

Uma chance para o fim do monopólio na petroquímica. O PT vai deixar?

Neste sábado (10), a empresa química Unipar anunciou que está negociando a compra do controle da petroquímica Braskem, hoje nas mãos da Novonor (antiga Odebrecht). A oferta é de R$ 10 bilhões e, segundo apurou O Antagonista, ela foi bem recebida...

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Uma chance para o fim do monopólio na petroquímica. O PT vai deixar?
Foto: Braskem/Reprodução

Neste sábado (10), a empresa química Unipar anunciou que está negociando a compra do controle da petroquímica Braskem, hoje nas mãos da Novonor (antiga Odebrecht).

A oferta é de R$ 10 bilhões e, segundo apurou O Antagonista, ela foi bem recebida pela Novonor e também pelos bancos credores da Braskem – a companhia tem dívidas de R$ 15 bilhões, que não tem como pagar.

Mas o valor não é o aspecto fundamental desse negócio, para quem observa de fora. Muito mais relevante é a oportunidade de que se quebre o monopólio vigente há pouco mais de uma década no setor petroquímico. Nesse aspecto, o que importa é o posicionamento da Petrobras, detentora de 36% das ações da Braskem (contra 38% da Novonor, sendo que o restante está nas mãos de minoritários).

A Braskem domina o mercado brasileiro de petroquímicos básicos e polímeros – os insumos que abastecem as cerca de 11 mil indústrias nacionais de produtos plásticos, sejam eles embalagens, itens de decoração ou peças de automóveis.

Essa posição de dominância foi alcançada em 2010, quando a política das “campeãs nacionais” do segundo governo Lula estava a pleno vapor. Àquela altura, Petrobras e Odebrecht, além de irmanadas no esquema do petrolão, já eram sócias na Braskem, que então adquiriu a segunda maior empresa brasileira do setor, a Quattor. A Unipar era a principal acionista da Quattor e agora procura voltar ao mercado que abandonou naquela época.

Com a consolidação promovida pela Braskem, reverteu-se totalmente, bem ao gosto petista, o processo de privatização que havia acontecido na década de 1990, com a venda das plantas petroquímicas da Petrobras para diversos grupos.

Não foi uma reestatização em sentido estrito, uma vez que o controle da Braskem estava nas mãos de uma empresa privada, a Odebrecht. Mas a influência da Petrobras nas decisões da companhia era determinante – por vias legítimas ou subterrâneas.

Durante a campanha do ano passado, Lula disse que não pretendia reeditar a política das campeãs nacionais. A negociação em torno da Braskem é a oportunidade de ele mostrar que não se tratava de uma promessa vazia.

O “fatiamento” da Braskem seria a maneira de devolver a competição ao setor petroquímico. Em vez de simplesmente adquirir o controle que hoje está nas mãos da Novonor, a Unipar ficaria com alguns ativos da empresa e a Petrobras, com outros. Nasceriam duas empresas distintas.

Essa solução há tempos é discutida pelo mercado e poderia resultar em aumento de competitividade no setor, redução de preços em toda a cadeia de produtos plásticos e atração de novos investimentos ao Brasil.

Segundo apurou O Antagonista, a divisão de ativos será uma das ideias na negociação entre Unipar e Petrobras. Os executivos da estatal terão de se convencer que essa é uma alternativa vantajosa. E o governo, que instalou o petista Jean Paul Prates na presidência da petroleira, certamente fará ouvir sua voz.

Também será importante observar se, nas próximas semanas, uma nova proposta pelo controle da Braskem se concretiza. Não pelo fundo de investimentos americano Apollo, que já deu sua cartada no início de maio, sem no entanto agradar à Novonor e, sobretudo, aos bancos credores. Por quem? Pela JBS, dos notórios irmãos Batista.

Nos últimos meses, a gigante do setor de alimentos fez circular a informação de que poderia comprar a fatia da Novonor na Braskem. Será curioso se o lance for feito agora, quando uma oferta de R$ 10 bilhões já está na mesa. A JBS precisará de coragem para ingressar num setor que não conhece, desembolsando uma quantia vultosa. Será  grande a tentação de se “apoiar” na Petrobras para iniciar essa aventura petroquímica.

Seria uma reedição da parceria entre Odebrecht e Petrobras. Uma velha ideia, com personagens também velhos.

Em março, os irmãos Batista fizeram parte da comitiva que Lula levou à China.

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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