Mercado gostou de Bolsonarismo mais forte que o antecipado Mercado gostou de Bolsonarismo mais forte que o antecipado
O Antagonista

Mercado gostou de bolsonarismo mais forte que o antecipado

avatar
Rodrigo Oliveira
4 minutos de leitura 04.10.2022 10:55 comentários
Economia

Mercado gostou de bolsonarismo mais forte que o antecipado

O rali eleitoral de segunda-feira (4) tem intrigado os menos afeitos ao mercado financeiro. A forte alta dos ativos brasileiros pós-eleição criou uma enxurrada de narrativas eleitoreiras em prol de cada candidato...

avatar
Rodrigo Oliveira
4 minutos de leitura 04.10.2022 10:55 comentários 0
Mercado gostou de bolsonarismo mais forte que o antecipado
bolsa de valores

O rali eleitoral de segunda-feira (4) tem intrigado os menos afeitos ao mercado financeiro. A forte alta dos ativos brasileiros pós-eleição criou uma enxurrada de narrativas eleitoreiras em prol de cada candidato. Para entender o movimento, é preciso compreender que o investidor vive de expectativas, e elas foram alteradas com o resultado do primeiro turno. As mudanças foram em direção a uma política mais voltada ao centro, com menos espaço para aventuras fiscais — defendidas, frise-se, pelos dois candidatos que avançaram para o segundo turno.

Os operadores de mercado buscam dados para tentar amenizar a contaminação da preferência pessoal nas decisões. No caso específico das eleições, as fontes são as pesquisas. A tese é de que essa forma de trabalhar evita que a razão seja levada pela emoção. É claro que todos têm uma preferência, mas, embora seja possível falar o que quiser, ninguém coloca dinheiro onde não acredita que possa ganhar mais.

Foi dessa forma que o mercado reagiu ao resultado eleitoral do primeiro turno. Mais do que preferir um candidato a outro, o dinheiro vai em direção às probabilidades. A chegada nas urnas de um bolsonarismo mais forte que o antecipado nas pesquisas altera parâmetros. Além disso, a eleição de um legislativo como forte componente de direita não estava precificada.

Nos dias que precederam a votação, Lula aparecia com uma liderança quase incontestável e declarava, entre outras coisas, que não aceitaria estatais sem preocupação social. Também prometia aumento de gastos, em prol, por exemplo, da educação (a volta do Fies). Além disso, os investidores acreditavam em um retorno da política de incentivo ao consumo, que marcou os dois primeiros mandatos do petista, além de outra medidas vistas como inflacionárias pelo mercado.

Na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), papéis ligados a essas premissas acumulavam ganhos conforme Lula abria vantagem. As ações de empresas ligadas à educação, como Cogna e Yduqs, por exemplo, acumularam altas de 18,55% e 17,38% no mês de setembro. Na ponta oposta, estatais como Banco do Brasil e Petrobras registraram perdas de 6,98% e 10,32% (no caso da petroleira, a queda foi reforçada pela redução de 9,63% no preço do petróleo no período).

Muito mudou assim que a contagem de votos se encerrou. O resultado das urnas, com um bolsonarismo mais forte que o antecipado, deve empurrar Lula para uma versão mais parecida com a da famosa Carta aos Brasileiros, com políticas mais ao centro e sem muito espaço para medidas fiscais heterodoxas. Essa é a visão predominante nas mesas de operação. É claro que o day after das eleições também foi marcado por uma folga na aversão ao risco no exterior. Mas a mudança nas perspectivas por aqui claramente reforçou o otimismo.

O real foi a moeda que mais se valorizou entre os emergentes na segunda-feira após o primeiro turno. O risco-país, medido pelo CDS (Credit Default Swap) para cinco anos, caiu mais de 11% nos últimos dois dias. Os juros futuros recuaram fortemente, com um ambiente esperado de menor pressão sobre os juros e com arcabouço fiscal menos “criativo”. As estatais, que perdiam valor até a abertura das urnas, recuperaram boa parte das perdas no dia seguinte, com os papéis do Banco do Brasil subindo 7,63% na segunda-feira, e da Petrobras, com valorização de 7,99%. Na ponta contrária, as ações de Cogna e Yudqs foram as únicas a fecharem no negativo na sessão.

Para o mercado, no que diz respeito ao pleito deste ano, a máxima aristotélica de que “a virtude está no meio”, indicando a equidistância entre as visões mais extremadas de ambos os polos, é definitivamente o impulsionador dos ativos brasileiros domestica e internacionalmente. Ajustes feitos, o mercado nacional como um todo deve permanecer otimista em função da redução dos riscos esperados.

Mundo

A Rússia não terá mais voz na Europa

17.05.2024 14:42 3 minutos de leitura
Visualizar

Josias Teófilo na Crusoé: A iniciativa privada e o Estado

Visualizar

Diferente de Lula, Leite indica técnico para Secretaria de Reconstrução

Visualizar

Onde assistir CRB x Vila Nova: confira detalhes da partida

Visualizar

Deputado de Taiwan foge com projeto de lei para impedir aprovação

Visualizar

"A desigualdade foi uma escolha nossa como sociedade", diz João Fragoso a Crusoé

Visualizar

Tags relacionadas

Banco do Brasil Bolsa de Valores educação eleições 2022 Fies Jair Bolsonaro Luiz Inácio Lula da Silva Petrobras
< Notícia Anterior

"Zema pode ajudar Bolsonaro a virar o jogo em Minas"

04.10.2022 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Furacão Ian: sobe para 103 o nº de mortos nos EUA

04.10.2022 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Rodrigo Oliveira

Jornalista pela UnB (Universidade de Brasília), pós-graduado em Marketing &amp; Mídias Digitais pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e especializado em finanças e negócios. É Analista de Valores Mobiliários (CNPI) certificado pela Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) com quatro anos de experiência profissional no mercado financeiro.

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Crusoé: Ruim com Prates, pior sem ele

Crusoé: Ruim com Prates, pior sem ele

17.05.2024 13:37 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
Trabalhadores sofrem com ausência de depósitos do FGTS, saiba mais

Trabalhadores sofrem com ausência de depósitos do FGTS, saiba mais

17.05.2024 12:30 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Desenrola negócios: renegocie dívidas e revitalize sua empresa

Desenrola negócios: renegocie dívidas e revitalize sua empresa

17.05.2024 12:00 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Nova Lei de tributação: entenda as mudanças e como atualizar seus bens

Nova Lei de tributação: entenda as mudanças e como atualizar seus bens

17.05.2024 11:00 3 minutos de leitura
Visualizar notícia

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.