Todas as traições de Bolsonaro a Moro Todas as traições de Bolsonaro a Moro
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Todas as traições de Bolsonaro a Moro

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Claudio Dantas
4 minutos de leitura 30.11.2021 11:21 comentários
Brasil

Todas as traições de Bolsonaro a Moro

Em seu livro "Contra o Sistema de Corrupção", Sergio Moro relata todas as traições de Jair Bolsonaro, o presidente que lhe havia prometido "carta branca" à frente do Ministério da Justiça e acabou se aliando a políticos fisiológicos e investigados pela Lava Jato. A gota d`água para Moro foi a decisão de Bolsonaro de trocar o comando da Polícia Federal, "sem justa causa e sem apresentar qualquer motivo republicano"...

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Todas as traições de Bolsonaro a Moro
Foto: Saulo Rolim/Podemos e Isac Nóbrega/PR

Em seu livro “Contra o Sistema de Corrupção”, Sergio Moro relata todas as traições de Jair Bolsonaro, o presidente que lhe havia prometido “carta branca” à frente do Ministério da Justiça e acabou se aliando a políticos fisiológicos e investigados pela Lava Jato.

A gota d`água para Moro foi a decisão de Bolsonaro de trocar o comando da Polícia Federal, “sem justa causa e sem apresentar qualquer motivo republicano”.

Segundo o ex-ministro, o presidente demonstrava em suas declarações a intenção de transformar PF numa polícia política.

Ele escreve:

“Eu estava cansado de ter meus propósitos minados ao longo de um ano e quatro meses. Primeiro a saída do Coaf do Ministério da Justiça; depois a mudança do presidente do órgão; a falta de apoio ao projeto de lei anticrime e o endosso a sua posterior desfiguração pela Câmara; a falta de qualquer apoio para restabelecer a execução da condenação criminal após julgamento em segunda instância; o ensaio para dividir em dois o Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Isso sem esquecer as várias frituras públicas a que fui submetido durante 2019 e 2020. Eu não confiava mais no presidente.”

A propósito do episódio envolvendo a troca de Maurício Valeixo por Alexandre Ramagem, o ex-ministro diz que avisou Bolsonaro que não concordava com a mudança e que, se ela ocorresse, deixaria o governo. “Afirmei também que, se saísse, eu diria publicamente as razões do meu pedido de demissão. Jair Bolsonaro lamentou, mas não tentou me demover. A minha impressão foi a de que ele já me queria fora do governo havia algum tempo.”

“Foi como a queda da última trincheira, o meu Álamo.”

Moro relata no livro os bastidores das conversas com Augusto Heleno, Luiz Ramos e Braga Netto, o vazamento da exoneração para a imprensa e a abertura de uma investigação por Augusto Aras, para tentar acusá-lo de “denunciação caluniosa e calúnia” contra o presidente da República. Ao deixar o ministério, enquanto guardava suas coisas — documentos, livros, objetos pessoais e presentes –, o ex-juiz tomava consciência de que uma etapa de sua vida “havia se encerrado abruptamente e que outra, turbulenta, iria se iniciar”.

O ex-ministro ressalta também que as divergências com Bolsonaro não se restringiram ao combate à corrupção, mas incluíam “a política de armas, a falta de enfrentamento da pandemia, o tratamento dado à questão indígena, a relação com a imprensa, a política de alianças com o Congresso e apolítica econômica”.

“Houve uma flexibilização a meu ver exagerada tanto na quantidade de armas e munições franqueadas para compra quanto na potência do armamento liberado. Entendo aqueles que desejam ter uma arma em casa para ter mais segurança, mas uma flexibilização exagerada gera riscos de incremento da violência e ainda há o perigo de que parte do armamento seja direcionada ao crime organizado.”

Segundo Moro, no governo Bolsonaro o “presidencialismo de cooptação ressurgiu, e com toda sua força”. “O resultado pode ser visto na lei que autorizou a privatização da estatal Eletrobras. Apesar da salutar venda da empresa, foram inseridos na lei diversos dispositivos estranhos ao propósito inicial, os chamados ‘jabutis’, criando reservas de mercado, restrições à livre concorrência e, por consequência, prejuízos ao consumidor.”

“Percebe-se que o governo Bolsonaro também deixou de lado a agenda liberal, pelo menos na forma que era inicialmente defendida, refugiando-se no populismo econômico e no patrimonialismo.”

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Claudio Dantas

Claudio Dantas é diretor-geral de Jornalismo de O Antagonista. Com mais de duas décadas cobrindo o poder, já atuou nas redações de EFE, Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e IstoÉ. Ganhou os prêmios Esso, Embratel e Direitos Humanos. Está entre os jornalistas mais influentes do Twitter e venceu três vezes o iBest de melhor veículo de política.

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