

Indicado por Jair Bolsonaro ao Supremo com apoio do Centrão, Nunes Marques tem atendido às expectativas do presidente. Levantamento do Jota mostra que o ministro vem usando seu poder para interromper julgamentos que interessam ao Palácio do Planalto.
Em dezembro, interrompeu o julgamento no plenário virtual que já havia formado maioria para manter a obrigatoriedade da exigência do passaporte vacinal para viajantes que chegam ao país. Com o pedido de destaque, a votação deve recomeçar do zero no plenário físico, em sessão marcada para 9 de fevereiro.
Nunes Marques interrompeu, em outubro, julgamento de recurso do presidente contra o arquivamento de uma ação da AGU que questiona o poder do Supremo de abrir inquéritos de ofício, baseado no regimento interno — como Dias Toffoli fez com o das fake news.
Um pedido de vista do ministro, em setembro de 2021, também suspendeu julgamento de ações que questionam a constitucionalidade dos decretos de armas editados por Bolsonaro. Nunes Marques conseguiu ainda adiar o julgamento sobre o direto de Bolsonaro de bloquear seguidores em suas redes sociais.
Outro pedido de vista suspendeu a análise de um decreto do primeiro ano de governo que diminuiu drasticamente (de 23 para 4) o número de representantes da sociedade civil no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
A fidelidade escancarada de Nunes Marques a Bolsonaro tem irritado seus colegas, mas é didática.