Após anunciar um reajuste de 15,5% no valor dos planos de saúde e defender o rol taxativo de procedimentos a serem pagos pelas operadoras, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) foi alvo de diversas críticas no últimos dias. Em entrevista ao Estadão, o diretor-presidente da ANS, Paulo Rebello (foto), afirmou que há muita incompreensão sobre o papel da agência e que não aguenta mais ser acusado de defender as operadoras.

Questionado sobre a polêmica em torno do rol taxativo, ele afirmou:

“As pessoas nos acusam de defender as operadoras. O nosso trabalho é defender o beneficiário, garantir um serviço de qualidade. Obviamente, se a gente coloca isso sob a lógica do rol exemplificativo, o que vai acontecer? Primeiro que um dos princípios consagrados no marco regulatório (Lei dos Planos de Saúde 9656/98) é poder estabelecer um rol taxativo, ter previsibilidade no que está sendo colocado. Se começa a não ter critério, temos um problema sob o aspecto econômico, vai aumentar o custo. […] Fica parecendo que somos o carrasco, que não queremos atender o beneficiário. Muito pelo contrário.”

Já sobre o aumento de 15,5% no valor dos planos de saúde, Rebello disse:

“Trabalhamos por quase um ano para fazer essa norma, levamos para o TCU, para o Ministério da Economia. A USP falou, a FGV se manifestou. Aí vem uma ação da Rede Sustentabilidade questionando o aumento e não critica a metodologia usada, não critica nada. Esse é o problema. O momento em que estamos vivendo é de inflação para todo lado. Tem 49% nos combustíveis, 15% na habitação, 25% na energia. Se for olhar o contexto da pandemia, considerando que em 2021 o reajuste foi negativo, juntando esses dois anos, a gente vai ter um reajuste de 6%. Dá 3% ao ano, considerando esses dois anos.”