Aécio Neves não está nada satisfeito com a movimentação de Eduardo Leite, prestes a trocar o PSDB pelo PSD de Gilberto Kassab. Questionado por O Antagonista sobre a articulação política do governador do Rio Grande do Sul, o deputado federal disse que considera “um grave equivoco” sua eventual saída. “Pela sua história e pelo seu futuro.”

Como revelamos ontem, Leite antecipou seu retorno ao Brasil e terá reuniões com o grupo anti-Doria e com Kassab na próxima semana.

“O caminho para a construção da chamada terceira via ainda está em aberto e para lidera-la é preciso alguém que represente um projeto novo para o país e não traga consigo uma rejeição que impossibilite o seu crescimento eleitoral. O melhor nome para isso, com todo respeito àqueles colocados até aqui, a meu ver continua sendo o do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite”, diz Aécio, em nota enviada à reportagem.

Em recado a João Doria, o parlamentar afirma também que “está chegando a hora de os projetos pessoais, ainda que legítimos, mas que vêm se mostrando inviáveis eleitoralmente, darem lugar a uma construção séria e unificada ao centro”.

“É uma questão de responsabilidade para com o país.”

Ele reconhece que as prévias do PSDB indicaram o governador de São Paulo como pré-candidato, mas, passados 3 meses, Doria não demonstra ter “viabilidade eleitoral”. “Isso não é demérito algum, essa questão tem que ser necessariamente rediscutida, e não só pelo PSDB, mas pelo conjunto de forças ao centro.” 

Derrotado por Dilma Rousseff na disputa presidencial de 2014, o político mineiro sugere que Doria concorra ao Senado, na chapa de Rodrigo Garcia, hoje vice-governador. “Num eventual mandato como senador, o governador Doria poderia dar uma grande contribuição a São Paulo, ao país e ao seu partido.”

Para Aécio, a candidatura de Doria ao Senado poderia fortalecer o projeto nacional do PSDB.

“Acredito, inclusive, que o competente vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, anunciado candidato do partido ao Governo do Estado, receberia com alegria a possibilidade, por exemplo, de ter o governador João Doria como seu companheiro de chapa e candidato ao Senado ou mesmo candidato à Câmara dos Deputados. Isso, provavelmente, fortaleceria seu projeto eleitoral e daria ao PSDB a possibilidade de liderar uma unificada e viável terceira via a nível nacional.“

Leia a íntegra da nota:

“Considero um grave equivoco a eventual saída do governador Eduardo Leite do PSDB. Pela sua história e pelo seu futuro. O caminho para a construção da chamada terceira via ainda está em aberto e para liderá-la é preciso alguém que represente um projeto novo para o país e não traga consigo uma rejeição que impossibilite o seu crescimento eleitoral. O melhor nome para isso, com todo respeito àqueles colocados até aqui, a meu ver, continua sendo o do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

Está chegando a hora dos projetos pessoais, ainda que legítimos, mas que vêm se mostrando inviáveis eleitoralmente, darem lugar a uma construção séria e unificada ao centro. É uma questão de responsabilidade para com o país. As prévias do PSDB indicaram, sim, um pré-candidato, mas, se passados 3 meses esse candidato não demonstra ter viabilidade eleitoral – e isso não é demérito algum -, essa questão tem que ser necessariamente rediscutida, e não só pelo PSDB, mas pelo conjunto de forças ao centro.

Acredito, inclusive, que o competente vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, anunciado candidato do partido ao Governo do Estado, receberia com alegria a possibilidade, por exemplo, de ter o Governador João Doria como seu companheiro de chapa e candidato ao Senado ou mesmo candidato à Câmara dos Deputados. Isso, provavelmente, fortaleceria seu projeto eleitoral e daria ao PSDB a possibilidade de liderar uma unificada e viável terceira via a nível nacional.

Trata-se, repito, de uma questão de responsabilidade para com o país.

Tenho defendido internamente e junto ao próprio Governador Eduardo Leite que ele permaneça no PSDB e deixe o governo do Rio Grande do Sul no prazo legal para que seu nome possa ser submetido ao conjunto das forças de centro como alternativa, que me parece hoje a mais viável, para quebrar a polarização que a cada dia se torna mais provável no cenário eleitoral que se aproxima.  E acredito que, num eventual mandato como Senador, o Governador Doria poderia dar uma grande contribuição a São Paulo, ao país e ao seu partido.”